EX-PREFEITO MORRE DE COVID 19

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O ex-prefeito de Planaltina, José Olinto Neto, faleceu em Goiânia, capital do estado, distante 270 quilômetros do município onde fora para realizar tratamento contra a Covid 19, contraída há cerca de duas semanas.

O paraibano do vilarejo de Misericórdia, Itaporanga, veio para Brasília no início da década de 1970, casando-se com filha de família de tradição na política em Formosa, na região de Mestre d’Armas e mesmo em Planaltina (Alves Oliveira) e dali para a região do Entorno do DF, onde está inserido o município goiano. Isso, no início da década de 1980, vindo para Planaltina que o próprio chamava de Brasilinha e apresentou-se como candidato a vereador nas eleições de 1982, pelo MDB – Movimento Democrático Brasileiro. Já na estreia foi campeão de votos com mais de 700 sufrágios, 90% transferido do eleitorado do Distrito Federal que ainda não participava de eleições. Foi o bastante para que o, até então, pequeno empresário do ramo de materiais elétricos almejasse voos mais altos no cenário da política municipal.

Em 1988 veio candidato a prefeito pelo mesmo MDB e foi derrotado pelo ex-prefeito Lenir de Sousa e Silva, mas voltaria ao embate eleitoral em 1992, vencendo o pleito contra outros três nomes que vieram pelas oposições e consolidando sua liderança no município.

Realizou uma administração sofrível, mas implantou inovações no que concerne a tentar encaminhar o município para definir o Turismo como opção de rumo econômico, criando uma fogueira junina de tamanho excepcional que, se por um lado chamava a atenção popular, por outro irritava os naturalistas, já que a atração era construída com madeira retirada do cerrado da região. Junto a isso criou espaço às margens da lagoa Formosa, ponto turístico do município, denominando-o, Praia do Povo.

Em 1996, ainda não existia a possibilidade de reeleição, apresentou candidato contra o nome de Dirceu Ferreira de Araújo e sofreu aí uma fragorosa derrota política. Perdeu com seu candidato para uma nova proposta por cerca de 72% dos votos dados a Dr. Dirceu e a vice Guiomaci Brandão.

Viriam as eleições de 2.000, e aí Zé Neto sofreu, talvez, sua maior derrota quando candidatou-se a vereador. Desta feita, apoiando a Carlos Henrique de Almeida que candidatara-se buscando interromper a administração de Dr. Dirceu. Para a reeleição Dr. Dirceu alcançou a marca de 83% dos votos válidos e deixou Zé Neto, candidato a vereador adversário com a marca de pouco mais de 200 votos. Derrotado e sem crédito político, desde seu mandato de prefeito, o ex-prefeito amargou 12 anos de ostracismo.

Bem relacionado na política do Distrito Federal sempre teve o apoio e o respeito do finado Joaquim Domingos Roriz, ex- deputado por Goiás e ex-governador do Distrito Federal e de seus sucessores, tendo inclusive, palpitado, dizia para quem quisesse ouvir, que orientara o velho político de Goiás e de Brasília a fazer os assentamentos populacionais, (as Vilas Roriz) que lhe garantiriam popularidade e votos para si e para quem o acompanhasse nos diversos embates eleitorais do falecido político.

Retornou ao cenário planaltinense com força, quando, mesmo sem condições legais de candidatar-se, tornou-se o principal adversário do sucessor de Dr. Dirceu, o vereador à época, Alexon Alves Felix Santos, o popular Dinha. Isso em 2004, quando mostrou que tinha apelo popular mas, sem condições legais, foi tirado do páreo a poucas horas do pleito por decisão da Justiça que, homologou a vitória de Dinha como candidato, que recebeu grande votação sem ter adversário.

A partir daí Zé Neto iria de novo para as ruas para promover uma divisão no grupo político de Dr. Dirceu, agora orientado pelo prefeito Dinha. Aguardando o pleito de 2008, Zé Neto fomentou e conseguiu a divisão do grupo de Dr. Dirceu em três nomes: Dr. Davi, Nei Moreira e Dinha. Como o município pela atual legislação não precisa de segundo turno nas eleições, a força de Dr. Dirceu foi divida em três, ficando Dr. Dirceu, Dr. Davi e Nei Moreira como candidatos de um único eleitorado, enquanto ele, Zé Neto isolava-se sozinho como efetiva oposição. O resultado foi a eleição de Zé Neto com pouco mais de 29% dos votos, contra 28% de Dr. Dirceu e o restante ficando entre Dr. Davi, Nei Moreira e Dinha.

No dia 01 de janeiro de 2009, heis que retorna ao topo da política planaltinense o ex-prefeito que estivera no ostracismo por mais de uma década. Esquecera o alcunha da cidade, não mais a tratava oficialmente de Brasilinha, era o “prefeito de Planaltina-Goiás”, dizia.

Iniciou o mandato sob intensa pressão, tendo sido denunciado por auxiliar de sua eleição como devedor e não declarante de recursos de campanha e passados pouco mais de um ano de administração já acumulava pedidos de cassação engavetados pelo presidente da Câmara da época.

Retornou com a “maior fogueira da região”, o “24 Horas de Forró”, mas se esqueceu do “Orla da lagoa Formosa”, apregoado na campanha. A Praia do Povo foi deixada para seus apoiadores, tornando-se inviável como iniciativa turística administrada pelo poder público.

Empreendeu um movimento contra a empresa de ônibus, que fazia havia décadas o transporte de passageiros de Planaltina a Brasília, a Rápido Planaltina, do grupo de transportes Amaral, tendo inclusive ficado uma semana de jejum no interior da Igreja Católica, Matriz do Divino Espírito Santos, sob a guarda do Padre Moacir, pároco da Igreja à época. Antes já promovera caminhada entre Brasília e Planaltina, colocara barricadas na rodovia, incentivara quebra-quebra dos ônibus, deitara na frente de coletivo da Rápido Planaltina na saída da rodoviária do DF, sempre pedindo que as autoridades colocassem mais empresas para atender os passageiros do Entorno para Brasilia. Considerou-se satisfeito com a saída da empresa que, já em processo de concordata, bateu em retirada e permitiu que, mesmo temporariamente outras empresas tomassem as linhas e fizessem o transporte dos passageiros para o Distrito Federal.

Acossado pelo Sindicato dos Servidores Municipais que se fortalecera com o passar dos anos, assinou a todos os requerimentos e pedidos feitos pelas lideranças sindicais buscando fortalecer-se para um novo pleito que viria em 2012 e sabedor de que Dr. Dirceu doente mas, ainda estava vivo, coordenaria uma campanha contra sua administração. Autorizou a ocupação dos canteiros centrais das principais avenidas da cidade por trailers de diversas atividades, especialmente por motoqueiros e lanchonetes e foi para o embate com todas as forças imagináveis, vencendo o pleito com um aumento significativo de votos, chegando a mais de 40% do eleitorado. A divisão dos grupos políticos locais estava consolidada. O candidato apoiado pelo principal oponente ficou segundo colocado.

Zé Neto empreendeu a partir daí uma luta jurídica sem precedentes para manter-se no poder, já que fora denunciado no decorrer da campanha pelo Ministério Público de que abusara do poder econômico e político vindo a perder o mandato com pouco mais de um ano de administração. Cassado em 2013, assistiu na mesma semana a morte de seu principal adversário, Dr. Dirceu. No entanto não recuperaria mais o mandato, retornando a suas atividades de pequeno empreendedor no centro de Planaltina,enquanto Reis, o segundo colocado assumia o comando municipal.

José Olinto Neto, nascido a 18 de agosto de 1.949, morreu como vendedor de mudas de árvores decorativas e frutíferas no Centro/Leste de Planaltina, tendo contraído a Covid 19 em meados deste mês e falecido no dia 25 de julho em Goiânia, vindo a ser sepultado no Campo da Redenção, cemitério local, ovacionado por milhares de pessoas que o tinham como grande líder político da nova Planaltina.

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