Ponto de Vista O PASSADO E O QUE ESPERAR PARA 2022

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Tivemos um ano de 2021 doloroso. As expectativas econômicas já não andavam bem desde 2019, já que as iniciativas do novo governo Bolsonaro eram no sentido de desconstruir os governos anteriores (de FHC a Temer nada tinha de válido) e o universo político era tido como aproveitador, corrupto, exceto aqueles que, estando diretamente no governo e falassem repetindo frases do presidente, senão eram demitidos. Vide: Mandetta, Ministro da Saúde e Moro, Ministro da Justiça para mencionar só dois; o presidente contrário a qualquer um de seus assessores que aparecesse nos jornais e televisões tradicionais (GLOBO especialmente, SBT, BAND NEWS, etc.) e para complicar um horizonte que já não era claro, apareceu a pandemia do Covid-19.

Na Praça Joaquim Mineiro, em Planaltina, o Cambuí florido.
2020 começou e passou como o ano do retrocesso, já que a situação pandêmica nos reservou surpresas desnecessárias desde os primeiros mêses do ano, quando o Presidente Bolsonaro, pelas redes sociais, fez seu pronunciamento oficial sobre a pandemia, que chegava com força,(isso em março de 2020) dizendo que “Isso não passa de uma gripezinha. Não vamos mudar nossa rotina de trabalho.” Era a senha para dizer que não iria agilizar medidas contra a Pandemia que, naquele momento, já devastava a Europa, as Américas, inclusive e fortemente, o Brasil. O 2020, especialmente difícil, deveu-se ao fato de que foi preciso um esforço hercúleo do Congresso Nacional,à época sob a presidência do Dep. Rodrigo Maia, respaldado pelo STF – Superior Tribunal Federal, no sentido de que fosse garantido o mínimo de ação, apoio financeiro do governo federal para combater a pandemia. A reação do governo federal foi a pior possível, tornando-se em adversário frontal de todos os governadores, que na sua grande maioria tinha consciência do perigo que a Covid-19 representava para seus cidadãos e precisavam com o Sistema Único de Saúde – SUS – dilapidado pelos governos anteriores e nada recuperado por Bolsonaro, responderem ao problema de saúde pública. O STF enrredado pelo julgamento do ex-presidente Lula foi levado a concluir pela soltura do réu, já julgado e condenado em decisão nada digerida pela sociedade, tornando-se alvo de ataques de fake news em tal proporção e gravidade pelos apoiadores do governo de Bolsonaro que, com o aval da PGR – Procuradoria Geral da República – criou-se condições legais até então não conhecidas para rechaçar as investidas daqueles que propunham e ameçavam a mais alta corte do Judiciário. O ministro Alexandre de Morais tornou-se o escudeiro do Supremo e o alvo preferido dos bolsonaristas. Muitos inquéritos foram abertos e prisões foram decretadas, o que atingiu em cheio os criadores de fake news pagos pelo governo. As mortes pela Covid-19 dispararam. Os governadores, especialmente o de São Paulo decretaram guerra contra a pandemia e o governo federal que, depois de trocar de Ministro da Saúde por três vezes seguidas (Mandetta por Taich e Taich por Pazuello), desentendeu-se com o Ministro da Justiça (Sérgio Moro), gerando mais uma crise que foi claramente criada pelo presidente, em defesa de membros de sua família. A falta de ação contra a pandemia levou a uma crise administrativa na qual o governo do Estado do Amazonas deixou várias pessoas morrerem de Covid-19, asfixiadas, por falta de oxigênio hospitalar. Uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada no Congresso Nacional para pressionar o governo quanto a compra e distribuição de vacinas contra a peste que, industrializadas e já aplicadas em outros países, ainda não eram reconhecidas como necessárias pelo governo brasileiro. As falas e ações do Presidente da República levava sempre mais tensão entre seus apoiadores e as instituições (Congresso, STF) fazendo crer que o objetivo seria um golpe de estado. O presidente falava às redes sociais a seus apoiadores que “vacinas não são garantidas” e “não compro nada que tiver produto chinês”, causando, inclusive um mal-estar diplomático com o embaixador chinês em Brasília, que exigiu respeito e, sabe-se,o diplomata retalhou o país nas relações comerciais.

Por fim, Bolsonaro pressionado pelo governador João Dória que tinha o Laboratório Butantã já produzindo a vacina com financiamento paulista, admitiu a compra de vacinas de toda origem e, finalmente, foi iniciada a vacinação em massa. A ação do governo marcou a queda do Ministro Mandetta, substituído por Thaich e, vinte dias depois pelo Gen. Pazuello, mais preparado para atender a linha de pensar do presidente, inclusive receitando Cloroquina como tratamento contra Covid.

Mas, observar que o presidente Bolsonaro, sempre se colocando contra a vacinação e, com isso, o Ministério da Saúde, sob o comando de Pazuello dificultava a distribuição franca da vacina que, por questão legal, é da responsabilidade do governo federal, sendo vedada, inclusive pelos laboratórios produtores dos imunizantes, a venda direta a estados e municípios.

Findamos 2020 com a vacinação a passos de tartaruga e as festas de final de ano, inevitáveis, contribuindo para o crescimento da peste que, já mostrava variantes, “cepas diferentes”, diziam especialistas.

Em 2021 o Congresso Nacional consegue aprovar uma CPI da Covid com o apoio do STF, já em meados do ano e, frente a mais esta pressão a vacinação acelera e o número de óbitos que já passavam do meio milhão de pessoas, começaram a baixar. Mesmo assim, assistimos a morte de mais de cem mil brasileiros após o início da vacinação que, especialistas apontam, poderia ter sido iniciada antes uns sessenta dias.

Em meio a mortalidade causada pela Pandemia, o Ministério da Saúde resolvera suspender as informações atinentes a número de casos diagnosticados, internações necessárias e mortes numa clara demonstração de falta de compromisso para com a transparência administrativa. Órgãos da imprensa e Secretários Estaduais de Saúde, através de um consórcio, mantiveram a população informada debaixo dos protestos de apoiadores do governo que, a aquelas alturas era muito mal visto pela sociedade.

Vista parcial do prédio da Câmara de Vereadores de Planaltina, na Praça Jurandir Camilo Boaventura.

CPI da Covid encerrada, mais de 50 nomes indicados como culpados pelo mau serviço do estado frente a pandemia, inclusive o Presidente da República entre eles.

Antes, talvez por medo do resultado da CPI da Covid, Bolsonaro iniciara um movimento de convocação de seus seguidores para no dia 7 de Setembro de 2021, promover um grande encontro de pressão popular sobre o Congresso e o Supremo, o STF. O resultado foi decepcionante para aqueles bolsonaristas que pregavam um golpe de estado. Grande movimento patriótico já conhecido em Brasília, comemorando a Independência e o presidente fez pronunciamento incitando o povo a atacar as instituições da democracia. Não deu certo. As Forças Armadas não aderiram ao discurso do presidente e este teve, para sua sobrevivência política, chamar ao ex-presidente Michel Temer para mediar uma saída honrosa.

A vacina atingiu o percentual necessário e a queda dos casos e óbitos pela Covid 19 mostraram o acerto da campanha de vacinação. Chegamos ao final de mais um ano.

O quê podemos esperar para 2022?

Frente ao ocorrido podemos prever um ano eleitoral de muita luta entre as força políticas, oportunizando o surgimento de uma terceira força política capaz de representar aqueles que não votaram no PT por temer uma continuidade que não seria democrática, e que se decepcionaram com a inabilidade de Bolsonaro. Um caminho de não retorno e não permanência.

Em abril de 2022, certamente, as forças políticas do centro estarão unidas e prontas para oferecerem maïs uma opção de voto para o eleitorado.

É investir na renovação, tendo em vista o grande desgaste em que se encontra o atual quadro político brasileiro.

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