PONTO DE VISTA

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Aprendendo no caminho

Costumo chamar a atenção de meus leitores sobre a longevidade(?) de nossa democracia, fazendo uma retrospectiva de nossa república, instituída a partir de 15 de novembro de 1889.

Isso porque não tivemos uma democracia inclusiva quando Deodoro da Fonseca assumiu o comando do país. Ao contrário, a Democracia pré republicana no Brasil, bastante observar sua primeira Constituição, isolava o povo, a plebe e dava às elites, já dominantes com D. Pedro II, o monarca deposto, todas as cartas relativas ao jogo do poder político e econômico. Era, em resumo, uma democracia (?) sem a maioria do povo: (mulheres, pretos, mestiços, indígenas e brancos pobres). Tanto que Floriano Peixoto, o nosso segundo presidente, já assumiu o governo em substituição a Deodoro de forma ditatorial. Democracia mesmo, nada.

Coube a um ditador, ironicamente, o primeiro legítimo republicano, Getúlio Dorneles Vargas, incluir parte deste povo marginalizado pela República, no direito ao voto, inclusive as mulheres e organizar, relativamente, o sistema eleitoral a partir de meados da década de 1940, portanto, quase cinquenta anos após o advento republicano ainda não tínhamos uma democracia inclusiva.

Em resumo, tivemos a partir de Getúlio, devido a nova Constituição, alguns momentos de vontade democrática que geraram, por exemplo, Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK, que passou cinco anos de governo lutando para construir Brasília, mudar a sede para o Planalto Central e conter tentativas de golpe. Tanto que, JK lançou o militar legalista Marechal Teixeira Lott como seu candidato à sucessão e perdeu as eleições para Jânio da Silva Quadros, um democrata que, frouxo no ideário ousou tornar-se ditador sendo levado a uma renúncia que, culminou com a tomada do poder pelos militares que combatiam JK, ou seja, não gostavam da República Democrática Inclusiva.

Daí, 1964, tivemos ditadura de novo até 1991, quando elegemos Fernando Collor de Mello e, salvo a ganância petista pelo governo neste período, temos vivido desde Collor um período de aprimoramento democrático.

Hoje tanto a elite, absoluta no poder desde a monarquia, quanto os trabalhistas (povo em geral) que conseguiu chegar ao governo graças ao sistema eleitoral, têm a oportunidade de aprimorar o regime democrático e participarem dos benefícios e das dificuldades que um país rico e de extensão continental como o Brasil pode proporcionar à sua sociedade.

Justificando o título da matéria, pode-se deduzir que o sistema democrático brasileiro está ainda, pelo curto período de existência, em ebulição, ensinando, suscitando debates e ações sujeitas a incompreensões tanto de parte do povo quanto de parte da classe política, muitas das vezes fazendo com que o espírito ditatorial ainda difundido, queira sobrepor a luta empreendida pela maioria do povo no decorrer dos últimos anos para consolidar a Democracia Inclusiva como sistema político brasileiro capaz de atender a demanda crescente da sociedade.

Não aceitar resultado eleitoral, ficar buscando defender a permanência “ad-eternum” de algum nome no governo, é parte do espírito ditatorial que, apesar de ultrapassado, ainda permeia expressivo número do inconsciente de brasileiros.

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