Nas cercanias de Planaltina, na Fazenda Brasília, os “mineiros” sempre se encontravam quando os tios já idosos e sobrinhos de meia idade brincavam.(Foto arquivo da família)
A história da nova sede do município de Planaltina a partir da construção de Brasília seria outra, não fossem os mineiros, aí compreendidos a família de Joaquim Gonçalves Sobrinho e a família de Eloy Pinto de Araújo. O primeiro radicado na Fazenda Brasília, que fez a troca, quase doação de 300 alqueires por 2 mil lotes urbanos de uma futura cidade e o segundo, radicado em Água Fria, então distrito planaltinense da velha Mestre d’Armas, hoje Planaltina-DF, ambos suportes do projeto de construção da nova sede do município goiano de Planaltina. E com eles, naturalmente, suas esposas e filhos que vieram de distintas regiões de Minas Gerais, atraídos pelo brilho de Goiás que, à época gestava Brasília. O terceiro pilar seria Oswaldo Vaz, este, paulista e portanto, fora da denominação “Mineiro” que Joaquim, em particular, passaria a sustentar.
Joaquim Gonçalves Sobrinho, o conhecido Joaquim Mineiro, casado com dona Maria Jovina de Oliveira, chegou às margens do ribeirão Lambari em 1944, onde desbravou o cerrado e construiu a sede da Fazenda Brasília, já em companhia de dona Jovina e dos filhos Antônio, Levy, Ivan, Anésia, Nelson e César. Ficou devendo o último filho, frente a promessa que fizera com dona Jovina de terem uma prole com as iniciais de seus nomes formando a palavra: ALIANÇA. Faltou o terceiro A, que só foi alcançado com o nascimento da primeira neta, filha do primeiro filho Antônio, batizada com o nome de Ana Maria, a pedido de dona Jovina.
Todos os filhos de Joaquim Mineiro foram criados na luta da roça da Fazenda Brasília e, como não poderia deixar de ser, foram envolvidos naquele redemoinho nacional que foi a mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília, quando o pai decidido com a política de Oswaldo Vaz, resolveu negociar de forma arriscada grande área de sua propriedade para permitir a construção da nova sede de Planaltina a partir de 1957. Ali marcavam definitivamente o envolvimento no destino do velho município que construiria uma nova cidade sede, enfrentando todo tipo de retaliações criadas pelos adversários do projeto.
Esta semana, entre os dias 08 e 13 de dezembro de 2025, a família Gonçalves de Oliveira, o município de Planaltina perdeu os dois últimos filhos de Joaquim Mineiro: Anésia e César. César era o caçula dos mineiros e o que menos participou das lutas pro nova Planaltina, visto que, nascido em 1938, chegou a Planaltina com 6 anos de idade e seus tios e tias o mantiveram nas escolas da sede antiga municipal, Planaltina-GO,4 hoje no Distrito Federal. Pouco afeito à política, casou-se com uma sua prima, Rita, e envolveu-se com negócios de Loteria da CEF entre Sobradinho e Planaltina-DF, pouco vindo a Fazenda Brasília. Era presente nos momentos em que perdia um parente, como esteve, ultimamente, presente nos sepultamentos de seus irmãos Levy, Nelson e Ivan, sepultados no Cemitério Redenção, na sede planaltinense. Ele, César, faleceu em Sobradinho-DF (08/12/25) e lá foi sepultado depois de longo período lutando contra males da idade. Completaria 88 anos em janeiro de 2026.
*15/01/1938 – + 08/12/2025 César de Oliveira, o mais novo, o caçula da família de Joaquim Mineiro, pouco conviveu com a nova sede de Planaltina depois de consolidada.
Dona Anésia Gonçalves, a quarta letra da “aliança”, única mulher da prole, passou a chamar-se Anésia Gonçalves de Souza depois de casar-se com Mário Batista de Souza, empreendedor nativo da região, mais precisamente de São João d’Aliança e que se integrou a nova Planaltina vindo a casar-se com Anésia e a eleger-se vereador, sendo decisivo nas posições políticas que mantiveram a localidade escolhida pela Comissão de Transferência da Sede, criada em 1958 e mantida até quando Francisco Pignata mudou a sede para São Gabriel em 1962. Anésia viveu momentos difíceis junto com Mário Batista, tendo assistido e sofrido pressões de Pignata. Anésia, inclusive, viu a primeira sede de madeira da cidade, construída de frente a sede da fazenda de seu pai, ser destruída pelos opositores de Joaquim Mineiro, Oswaldo Vaz e Eloy Pinto de Araújo. Era a jovem esposa do vereador Mário Batista, um dos que resistiram às decisões de Pignata frente a construção da nova sede planaltinense. Assumiu ainda jovem a vida de mãe de família (três filhos) e empresária (Batista – Materiais de Construção), fixou residência na velha sede (Planaltina -DF) e foi sepultada hoje, (13/12) no cemitério Campo da Esperança, daquela satélite.
Anésia Gonçalves de Souza – Completou 91 anos em outubro próximo passado. Era a única mulher filha de Joaquim Gonçalves Sobrinho e Maria Jovelina Oliveira *09/10/1934 + 08/12/2025 –
Católicos fervorosos e incentivadores das tradições populares como Folia do Divino, Catira e Festas Juninas, Anésia e Cesar deixam um legado de trabalho e tradição religiosa marcantes que, embora vivendo fora da nova sede planaltinense, mantiveram o vínculo sentimental com a localidade onde foram criados e onde seus pais, (Joaquim e Jovina) marcaram com suas vidas de dedicação e construção do novo Goiás pós Brasília. 





