A seca brutal não impede que o ipê amarelo espalhe suas flores ao vento.
Fazer uso de algo desconhecido pela maioria da população é, sempre, fator de desequilíbrio geral e início de algo vantajoso para aquele ou aqueles que conseguiram implantar o algo, até então, desconhecido. Tal afirmativa dá-se em virtude de termos assistido e até participado do avanço do trumpismo nos Estados Unidos da América e, logo depois a chegada de Bolsonaro à presidência da República do Brasil. O novo instrumento de comunicação de massa, as redes sociais, as produções de informações massificadas e nem sempre verdadeiras foram as responsáveis pelo sucesso indiscutível tanto de Donald Trump quanto de Jair Messias Bolsonaro. O primeiro perdeu a reeleição para Biden e o segundo perdeu para Lula, ambos não admitindo de pronto as derrotas, gerando conflitos muito maiores do que benefícios para suas nações. A História está anotando e fará Justiça quando for tempo.
A inversão dos valores dá-se no momento em que, fazendo-se uso do que é moderno, inovador, progressista, (a Internet a Informática) cria-se a narrativa de que se é conservador, liberal e democrático, ao mesmo tempo em que se direciona a máquina estatal para criar obstruções quanto ao conhecimento do uso das mencionadas ferramentas modernas e trabalha a possibilidade de perpetuar-se no poder, o que antes era uma acusação feita aos socialistas. “Sempre ditadores, a exemplo de Fidel e Lenine”, afirmam. A possibilidade de perpetuar-se no poder é buscada permanentemente e, se não houver parte significativa, maioria na sociedade, que impeça o avanço das ideias absolutistas, daquele que foi alçado à liderança, ele certamente se tornará comandante, ditador e até tirano em nome de grande defensor de princípios morais da sociedade, os quais, certamente, o líder não os tem.
E a inversão perfeita, a qual nós brasileiros ainda não nos acostumamos devido aos pouco mais de trinta anos de regime democrático, acredito, é o desrespeito às Leis e o propósito de nega-las insistentemente. Mas, isso não é coisa da esquerda? Sim. Ser subversivo, desrespeitar determinações judiciais, tudo contra o governo estabelecido, inclusive praticar atos terroristas são ações que caracterizam a nossa conhecida esquerda dos anos de ditadura, dos anos de regime antidemocrático. Mas, e agora? Trump incentivou, claramente, a invasão ao Capitólio, desobedeceu sem vacilar a uma série de determinações legais, inclusive não reconhecendo a derrota nas urnas e não passando o cargo protocolarmente. Bolsonaro em campanha para a reeleição cometeu todo tipo de abuso, de ilegalidade, de incentivo a prática de atos antidemocráticos, inclusive convite a desobediência civil em falas contra o Poder Judiciário. Perdeu e tal qual Trump, não reconheceu a derrota e incentivou a uma invasão contra os prédios dos três poderes da República.
Fica a interrogação: Quem de fato está sendo direita ou esquerda? Se se considerar que esquerda é quem quer subverter a ordem pré estabelecida e direita seja aquele que, ordeiro obedece as determinações legais, luta democraticamente para implantar sua forma de governar e obedece aos protocolos firmados! Assistimos a uma perfeita inversão! Isto sim.




