O longo pescoço da girafa é uma evidência da Teoria da Evolução. Afinal, esse pescoço deu vantagem ao animal, que pode comer folhas que estavam no topo das árvores longe da grande concorrência dos outros herbívoros da savana africana. Contudo, um estudo desenvolvido por paleontólogos chineses levanta uma nova hipótese para o desenvolvimento do longo pescoço da girafa: vantagem na hora de conseguir acasalar.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão analisando os fósseis de um antepassado da girafa, o Discokeryx xiezhi. Esse animal não se parecia muito com a girafa moderna. Ele tinha pescoço curto e uma cabeça muito resistente, sem haver nada parecido com ele atualmente.
Animal feito para dar cabeçadas
(Reprodução: Wang et al., Science)
Segundo o estudo chinês, o Discokeryx xiezhi era um girafoide — e, sim, as girafas têm uma classificação exclusiva para elas — que viveu na região de Xinjiang, na Ásia, há 17 milhões de anos.
Esse animal tinha o tamanho de uma ovelha e seu corpo era desenvolvido para suportar os impactos que as cabeçadas dadas nas brigas entre os machos geravam. Segundo o estudo, nenhum animal moderno tem estruturas tão perfeitas para lidar com impacto quanto essa girafa primitiva.
Além dos ossos no pescoço, esse animal tinha músculos especiais na região e um chifre em forma de disco na cabeça, sob a pele. Dessa forma, sua cabeçada era ainda mais perigosa.
Girafas de hoje mantêm comportamento agressivo
(Fonte: Reprodução: Wang et al., Science)
No entanto, o que esse animal de pescoço curto tem a ver com a girafa moderna e a teoria da evolução? O estudo chinês corrobora com uma hipótese de 1996, que afirmava que os pescoços longos das girafas foram desenvolvidos porque isso era sexualmente vantajoso. Essa teria sido a motivação — e não comer as folhas do topo das árvores, como sugerem outros estudos.
Acontece que, até hoje, as girafas usam seus pescoços como “arma” na hora de buscar fêmeas para acasalar. Quanto mais forte, alto e pesado o pescoço, maiores as chances de um macho dessa espécie causar um dano grave no outro.
Contudo, isso não significa que alcançar alimentos no topo das árvores não tenha sido uma consequência positiva para a girafa. O que os paleontólogos chineses sugerem, assim como as teorias levantadas no passado, é que essa não teria sido a motivação principal para o desenvolvimento do famoso pescoço da girafa.
Em entrevista à CNN, Shiqi Wang, professor associado no Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, explicou a ideia: “Tanto as girafas vivas quanto o Discokeryx xiezhi pertencem à superfamília Giraffoidea. Embora suas morfologias de crânio e pescoço sejam muito diferentes, ambas estão associadas a lutas de corte masculinas e ambas evoluíram em uma direção extrema”.