Você provavelmente já ouviu falar sobre a caixa preta dos aviões. Aquele equipamento que registra tudo o que acontece, cada puxão do manche ou cada palavra dita na cabine dos pilotos. Elas são famosas pelo papel-chave que têm para desvendar o que aconteceu no caso de desastres aéreos.
Para 2022 está prevista a construção da Caixa Preta da Terra. Trata-se de um projeto idealizado pelos cientistas australianos da Earth’s Black Box para registrar cada detalhe do que acontecerá até o fim de nosso planeta — e do que vem acontecendo nas últimas décadas.
Afinal, é como diz o site do projeto: “A menos que transformemos drasticamente nosso modo de vida, as mudanças climáticas e outros perigos causados pelo homem farão com que nossa civilização caia”.
A engenharia do projeto
Basicamente, a caixa preta que registrará o fim de nosso planeta consistirá em um monólito com cerca de 10 metros. O local escolhido para sua instalação foi uma região remota da costa oeste da Tasmânia.
Havia outros candidatos, mas o lugar ganhou do Catar, Noruega e Malta devido à estabilidade geológica e política. O objetivo é que uma futura civilização possa aprender algo com a nossa queda que, muito provavelmente, se dará em função das mudanças climáticas.
Como vai funcionar
A Caixa Preta da Terra terá duas funções principais:
- Vai coletar informações sobre medições das temperaturas do mar e da terra, mudanças no uso dos recursos do planeta, extinção de espécies, CO2 e acidificação dos oceanos. Também vai recolher dados sobre consumo de energia, gastos militares e população humana.
- Guardará registros de dados contextuais à medida que as coisas vão acontecendo. Aqui entram posts de mídias sociais, manchetes de jornais e notícias sobre grandes eventos de nosso planeta, a exemplo das reuniões sobre mudanças climáticas.
Outra grande utilidade dessa caixa preta é garantir que a ação ou inação dos líderes mundiais antes dos acontecimentos estejam devidamente registradas para uma eventual responsabilização.
As coisas já começaram
Segundo Jonathan Kneebone, cofundador do Glue Society, um coletivo artístico que está participando do desenvolvimento do conceito da caixa, ela será construída para sobreviver a todos nós. Ainda conforme Kneebone, até mesmo se coisas drásticas acontecerem — como uma queda das redes elétricas do globo, por exemplo — a caixa ainda estará em perfeito funcionamento.
Ela contará com baterias que vão garantir energia para backup. Para guardar os dados serão usados drives de armazenamento. Por fim, a Caixa Preta da Terra terá conectividade com a internet, sendo que tudo isso vai funcionar por meio de painéis solares.
Enquanto o sol estiver brilhando, a caixa preta baixará continuamente dados científicos, e um algoritmo especialmente desenvolvido para o projeto que coletará materiais relacionados às mudanças climáticas espalhados pela internet.
Embora ela ainda não esteja pronta, os discos rígidos já começaram a receber dados. Os primeiros foram os da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP26), que aconteceu em novembro passado em Glasgow, Reino Unido. Os desenvolvedores estimam que a caixa consiga guardar dados pelos próximos 40 ou 60 anos.
Agora, se o pior acontecer e a caixa for encontrada, espera-se que o sortudo consiga entender simbolismos básicos para interpretar os dados. Para ajudar, o pessoal por trás do projeto pretende adicionar um leitor eletrônico no interior do monólito que será ativado caso entre em contato com algo/alguém — mesmo muito tempo após os painéis deixarem de funcionar e ela estiver enferrujada — ou caso seja exposta à luz solar.
Matéria: Mega Curioso
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