O município de Planaltina sem nenhuma explicação plausível, tem sido pródigo em gerar fatos que apontam na direção de protagonismos de vanguarda. Desde os primórdios da república era mencionado como local aprazível para uma possível capital interiorana (recebeu Brasília); na fertilidade do nascedouro de partidos políticos da era petista, arvorou-se e gerou um partido que mantêm-se entre os mais destacados do país (o PROS); e agora, antes mesmo da decisão final sobre as eleições de 2018, que trouxe o fenômeno midiático popular Bolsonaro à presidência, o município elegeu Eles Reis de Freitas, o Reis a prefeito depois de uma amarga experiência de dois prefeitos cassados em menos de quatro anos (Zé Neto e Dr. Davi). Mas, qual a novidade aí? Bolsonaro, assim como Reis, não são homens de negociar suas condutas políticas aos moldes da tradicional troca de favores. Aí está a coincidência, além de, ambos, chegarem ao poder depois de traumáticos acidentes do modelo político que era dominante antes de cada um deles, tanto no país quanto no município.
Mas o que pode estar levando Planaltina a um avanço vanguardista de novo, são as ações as quais o prefeito planaltinense tem se proposto e caminhado na direção. Mesmo estando sob o jugo de Lei que traz julgamento severo sob impedimento em participar de eleições futuras, Reis não se submeteu a nenhuma artimanha para ir buscar aprovação pela Câmara de Vereadores de suas contas, julgadas tecnicamente erradas quando de sua passagem pela prefeitura em 2015 e 2016. O prefeito não quis se meter na decisão do Poder Legislativo desde quando negou-se a buscar a presidência da Casa de Leis, entendendo que cada poder é responsável pelo município. No mesmo diapasão veio depois o presidente Bolsonaro, recusando-se a negociar aos moldes anteriores, favores que o levassem a vitórias insustentáveis. Afinal, se os poderes são independentes e harmônicos, há de se entender para o andar da administração pública, sob pena de uma paralisia a qual todos são responsáveis. O ensinamento de Reis primeiro, e de Bolsonaro depois, leva-nos a refletir sobre o quão positiva é a democracia, quando não dispensa ninguém das responsabilidades inerentes ao viver e administrar para a rés pública.
E, por detrás deste episódio local e, é certo, por detrás dos episódios que rondam o Palácio do Planalto, está a luta pela sucessão: do município e do país. Se o nome de Reis não pode mais ser colocado nas urnas de 2020, fica muito mais fácil para quem quer chegar ao seu posto, ou seja, à cadeira de prefeito. Ele, Reis, certamente, irá desenvolver um trabalho administrativo ímpar dentro do município a partir de junho deste ano, tornando-se, naturalmente, nome de muita força para uma reeleição. Abatê-lo agora, para a oposição, é um achado. No entanto o vanguardismo se faz também aí. Reis torna-se vítima de seu modo de fazer a democracia funcionar sem subterfúgios, sem favores danosos, levando ao entendimento público de que trabalha para solucionar os problemas municipais, enquanto os que se acham mais espertos, agem para levar vantagem, para tira-lo do páreo, sem pensar no amanhã da municipalidade.
Pode ser só o pensamento de um democrata incorrigível, mas, o caminho que os democratas (Juscelino Kubtischeck e Fernando Henrique Cardoso pra mencionar apenas dois reconhecidos) traçaram para o país e depois deixaram o poder sem nenhum apego, pode ser o mesmo caminho que o Presidente Bolsonaro e o prefeito planaltinense Reis estão trilhando. Resta à sociedade planaltinense da atualidade continuar com seu indefinível desígno de propor mudanças significativas para si mesma, estando sempre na vanguarda da história e, quiçá, sem deixar-se perder nas armadilhas que as intempéries democráticas sempre trazem e atrás de si, com grandes mudanças para um amanhã de todos, a sociedade brasileira, que precisa ser incluída nas decisões nacionais. Bolsonaro sabe disso.